Com a estreia do Programa Shark Tank no Brasil, compartilhamos um artigo que analisa como os tubarões desta série de sucesso nos EUA tendem a analisar as questões de propriedade intelectual (PI). Esta análise foi realizada pelo advogado de patentes Vic Lin que é cofundador do Innovation Capital Law Group, um escritório boutique que atende startups em Palo Alto, na Califórnia. O senhor Lin, que gentilmente divide este raio-X do programa, mantém também o blog PatentTrademarkBlog.com.
O advogado de patentes Vic Lin não tem vergonha de admitir que é fã do programa Shark Tank. Ele, que também é um empreendedor, acha muito divertido imaginar como negociaria se estivesse no tanque com os tubarões. E, por causa de sua visão profissional afiada, percebe questões levantadas durante o programa que outras pessoas podem não notar, constatando que a propriedade intelectual desempenha um papel importante em quase todas as decisões de investimento que os tubarões fazem, onde o potencial de cópia de um plano de negócio representa uma preocupação. Isto porque a proteção de ativos via uma das modalidades de propriedade intelectual, como registro de marcas, desenho industrial e patentes, entre outros, gera um direito de exclusividade, que bloqueia potenciais cópias.
Enquanto não há como ir tão longe a ponto de dizer que o programa reflete o mundo real, este certamente não está longe da realidade nos momentos em que questões de PI tornam-se um problema para os tubarões. Quase sem exceção, os tubarões norte-americanos Kevin O’Leary, Mark Cuban e Lori Greiner aprofundam as questões de PI das propostas sempre que enxergam potencial de cópias. E dessa forma, eles são exatamente como os investidores do mundo real fora do tanque.
Na verdade, a questão de exclusividade foi inegavelmente um fator crítico para um negócio durante a temporada 7 de Shark Tank, onde uma startup conseguiu obter investimento de todos os cinco tubarões.
A startup xCraft fabrica drones que podem tanto pairar no ar como atingir alta velocidade. No episódio, o inventor JD Claridge mostrou o primeiro drone da empresa, o X PlusOne e também um outro produto em desenvolvimento: o PhoneDrone, que transforma um smartphone em um drone e é adequado para fins profissionais, como paisagismo.
No final, a xCraft não só garantiu investimento de todos os cinco tubarões, como terminou com uma avaliação de US$ 6 milhões, o que era mais do que o dobro da primeira avaliação de US$ 2,5 milhões com a qual a empresa tinha começado.
Os fãs da série vão reconhecer que as negociações geralmente acontecem no sentido contrário, com os tubarões tentando diminuir as avaliações iniciais. Então, como a xCraft conseguiu obter investimento de todos os cinco tubarões e ainda uma maior valorização? O seguinte diálogo foi um momento crucial:
Pergunta: “Qual o tempero secreto da sua empresa? Diga-me o que ninguém pode copiar.”
Resposta: “É realmente a propriedade intelectual por trás do design.”
O empresário, em seguida, explica que seus projetos estão protegidos por patente e que prevê o licenciamento de sua tecnologia.
O acordo da xCraft não é muito diferente do resultado final do pitch da Windcatcher no episódio 6, onde o inventor e empresário Ryan Frayne demonstrou uma válvula única que permite que um usuário infle dispositivos com facilidade e em uma fração do tempo que as válvulas convencionais exigem. Mais uma vez, PI desempenhou um papel importante quando Frayne informou que sua inovação estava protegida via patente.
É claro que o contrário também acontece, ou seja, onde o risco de cópia é baixo, a necessidade de PI é menor: os tubarões fecharam acordos com empresas que não têm necessariamente PI, pois seu modelo de negócio ou produto não pode ser facilmente copiado. A startup Rent Like A Champion, que apresentou seu pitch no episódio 6, é um exemplo. O negócio facilita o aluguel de casas em pequenas cidades que atraem grandes multidões por meio de eventos, tais como jogos de futebol.
É improvável que o modelo de negócios da Rent Like A Champion seja copiado devido à sua abordagem de base intensa e generalizada, em que membros da equipe são enviados à pequenas cidades para treinar os proprietários sobre como usar o site da empresa.
O Sr. Lin vê este mesmo padrão o tempo todo – não no Shark Tank, mas no mundo real – em que os empreendedores que reconhecem um risco potencialmente elevado de cópia tendem a ter mais sucesso no levantamento de capital do que aqueles que ignoram o risco.
Isso acontece porque aqueles que reconhecem o risco tomam medidas para proteger suas inovações. Ao proteger o seu ativo por meio de uma das modalidades de propriedade intelectual, eles têm algo para mostrar para as pessoas que emitem os cheques. Então, se você é um empreendedor desenvolvendo um produto ou serviço que poderia ser copiado você deve pensar em proteger sua invenção.
Com a série Shark Tank estreiando no Brasil, fica a expectativa de como os tubarões brasileiros irão avaliar as questões de direito de exclusividade. Isto porque o Brasil não é um país onde existe uma cultura de proteção da PI, como demonstra o relatório do Índice Global de Inovação, co-publicado pela WIPO, Cornell University e INSEAD, e que classifica o desempenho inovador de 140 países e economias de todo o mundo com base em 79 indicadores, que avaliam também a questão da PI. No relatório referente aos indicadores analisados do ano de 2015, o Brasil ficou classificado na posição 70 do ranking.
A criação de uma versão brasileira de um programa de tanto sucesso pode ser uma excelente oportunidade de disseminação da cultura de proteção da propriedade intelectual entre os empreendedores brasileiros. Ficamos na torcida por apresentações de alta qualidade e pela avaliação feroz dos nossos tubarões.
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